segunda-feira, 6 de julho de 2009

7o Encontro de Rabequeiros do RJ

Olá, pessoal!Antes de mais nada, quero me desculpar com os amigos leitores pela falta de atualização deste blog. Este meio de ano está sendo bem puxado pra mim, ainda mais com a perspectiva dessa gripe suína, deixando as escolas todas em polvorosa. Mas agora, com as proximidades das férias de julho, prometo ser mais assíduo.

Aqui vão duas fotos do nosso último encontro, realizado na Escola da Música Villa-Lobos, um reconhecido centro de formação de músicos do Rio de Janeiro. Fui aluno desta escola e aprendi muito, não só com as aulas, mas com a convivência com outros aprendizes.

O encontro foi organizado pela Norma e pelo Rodrigo Biscoito, a quem somos muito gratos. Pela primeira vez pudemos apresentar a arte da rabeca a um público ávido por informações e novidades, composto principalmente por alunos daquela instituição.

Contamos com a ilustre participação do rabequeiro Beto, da Companhia Carroça de Mamulengos, que abrilhantou nosso encontro com xotes, baiões e rasta-pés. Gostaríamos muito que sua presença se tornasse constante!

Abraços a todos e boas rabecadas!!


domingo, 3 de maio de 2009

Geraldo Idalino - Um violino no forró

A grande sugestão do post de hoje é baixar o disco "Um violino no forró", de 1982. Gravado por iniciativa de Luiz Gonzaga, este foi um dos cinco discos gravados por Geraldo Idalino, rabequeiro paraibano.

Dono de um fraseado ímpar e bastante aparentado do chorinho, Seu Geraldo da Rabeca nos prasenteia com baiões, maxixes e sambas deliciosos, com sua rabequinha e acompanhamento regional.

Quanto ao título do disco, corre a lenda que os produtores do disco queriam evitar a palavra "rabeca", pois este termo era considerado um pejorativo para "violino".

Para aqueles que já baixaram o disco "as músicas de rabequeiros", vale a pena ouvir a versão original de "enxuga o rato", quarta faixa deste título. Para aqueles que curtem um forró mais safado, na linha do grande Genival Lacerda, vale curtir a quinta faixa: radinho de pilha, em bela versão xoteada e instrumental.


Aproveite mais esta raridade!!





Geraldo Idalino Luiz era mais conhecido como "Geraldo da Rabeca", nasceu em 04 de Novembro de 1942 na cidade de Nova Cruz, no estado do Rio Grande do Norte, mas, a partir do ano de 1972 fixou residência em Campina Grande -PB onde faleceu no dia 08 de Novembro de 2007.
Seu Geraldo começou a tocar rabeca com 05 anos de idade (de forma autodidata) ainda em Nova Cruz-RN. Músico muito conhecido nas feiras do Nordeste, onde se apresentava com seu grupo, Seu Geraldo tocou durante muito tempo em programas de rádio na Paraíba, Rio Grande do Norte,Bahia e Pernambuco (onde morou durante dez anos, antes de fixar residência em Campina Grande).
Seu Geraldo da Rabeca têm 05 álbuns gravados, sendo 03 CD's e 02 LP's. É um legítimo
representante da cultura musical nordestina, e um dos últimos representantes de uma geração da qual fizeram parte Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro (que conseguiu, no Rio de Janeiro,o primeiro contrato de gravação para Seu Geraldo, e que deu origem ao álbum "Um Violino no Forró")
Marinês e Sivuca.


Geraldo Idalino - Um violino no Forró
Baixe aqui
Faixas:

01- Forró de Jeremias
02- Forró do Chico
03- A vida do meu sertão
04- Enxuga o rato
05- Radinho de pilha
06- Forró do Zé Boró
07- Menina vem pro forró dançar
08- Forró da Cachoeira
09- Forró na casa de pedra
10- Araripina
11- É proibido cochilar
12- Xaxado de Antônio Silvino

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Amanhã tem!

Amanhã tem a edição Abril do Encontro Carioca de Rabequeiros.

A concentração será às 17h no Bar Arco Íris, na rua do lavradio, Lapa.

Quem quiser, é só chegar. Traga seus instrumentos, sua animação e sua alegria!

Cheguem junto.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Rabeca de Zé Coco do Riachão




O instrumento aqui apresentado pertence ao grande rabequeiro Guilherme Bedran, do grupo Palha de Milho. Tive a oportunidade de conhecê-lo no nosso encontro de rabequeiros do mês de março.




Construída no ano de 1985, esta rabeca apresenta belíssimo trabalho de marchetaria no tampo, no espelho e no estandarte. As bolinhas brancas parecem ser uma marca dos intrumentos fabricados pelo Mestre Zé Coco do Riachão.







O dicionário Cravo Albin da Música Brasileira nos conta que José dos Reis Barbosa dos Santos nasceu em 1912 em Brasília de Minas, MG e foi "Criado na localidade de Riachão, onde nasceu, às margens do rio que leva o mesmo nome, na confluência dos municípios de Mirabela e Brasília de Minas, no Vale do São Francisco. O pai era fazedor e tocador de violas. No momento de seu nascimento, passava uma folia-de-reis e ele foi consagrado pela mãe aos santos Reis; por isso "dos Reis" registrado em cartório. Zé Coco deixava claro sua devoção aos Santos Reis, e sempre se apresentava como José Reis Barbosa dos Santos.

Ouvindo seu pai tocar desde que nasceu, aos 8 anos, já tocava viola que ele mesmo ia aprendendo a fazer. Foi marceneiro, carpinteiro, ferreiro, sapateiro, fazedor de cancelas, de engenho, de carro de boi, curral de tira, roda de rolar mandioca, mas o que o tornou conhecido, inclusive internacionalmente, foi a excelência dos instrumentos que fabricava e tocava: viola, violão, cavaquinho e rebeca. Aos vinte anos, assumiu a pequena fábrica de instrumentos de seu pai."

Para conhecer mais sobre a vida e Obra do mestre Zé Coco, assista este curta-metragem.

Para conhecer o som da rabeca nas mãos de Guilherme Bedran, assista aqui:


E para conhecer mais sobre o grupo Palha de Milho, clique aqui.

Em breve teremos postados aqui os discos de Zé Coco do Riachão, grande e tradicional mestre da rabeca, falecido em 1998.

Um abraço a todos!

terça-feira, 24 de março de 2009

Rabeca Brasileira, Música Latina - América Contemporânea



Formado por nove músicos de sete países da américa do sul, o América Contemporânea surgiu a partir da iniciativa do pianista brasileiro Benjamin Taubkin, inquieto com o isolamento cultural que o Brasil protagonizava no continente. Único país a falar o português, nosso Brasil esteve historicamente disjunto da música latina, a não ser por poucas e belíssimas exceções, como a grande Mercedes Sosa e suas parcerias com Milton e Chico, sobretudo.

Podemos conferir, nos vídeos a seguir, a beleza e a universalidade da rabeca de mestre Siba, figurando sem sotaques no belíssimo cenário da musica Latina.

O América Contemporânea surgiu em 2005 e tem um disco gravado, com o mesmo nome. Sinceramente, não sei se o projeto está parado ou se ainda se move e toca. Mas vale conferir os ótimos vídeos disponíveis.
Os Músicos: o pianista Benjamim Taubkin (Brasil),a cantora Lucia Pulido (Colômbia) o saxofonista e flautista Alvaro Montenegro (Bolívia), o violonista Aquiles Baez (Venezuela), o percussionista Luis Solar (Peru), o multi-instrumentista e cantor Carlos Aguirre (Argentina) e o contrabaixista Christian Galvez (Chile), o percussionista Ari Colares (Brasil) e o rabequeiro pernambucano Siba.

Quem quiser conferir o Myspace da banda clique em América Contemporânea

Aproveitem!




sábado, 21 de março de 2009

CD - As músicas de rabequeiros


Inaugurando uma nova postagem neste blog: um cd completo, produzido pelo programa de incentivo à cultura do estado da Paraíba.

O disco contém registros de grandes rabequeiros de outrora e do nosso tempo, como Mané Pitunga, Zé Coco do Riachão, Cego Oliveira e Luismário Machado.

Destaque para a presença de Geraldo Idalino (PB), Waldemar da Silva (MA) e Manoel Almiro (SP).

Enfim, este disco fala por si. Aproveite!

AS MÚSICAS DE RABEQUEIROS

quarta-feira, 18 de março de 2009

Coletânea Rabequeiros 2


Olá, rabequeiros e rabequeiras!

Devido ao "estrondoso" sucesso da coletânea Rabequeiros 1, já está na mão a segunda versão da coletânea. Destaque especial para as músicas dos rabequeiros que estiveram presentes no nosso último encontro: Rodrigo Salvador, com seu "Forró d'apertamento"; Renato Boia (nosso agitador cultural) com seu Coco de "Jahnavi"; e este que vos escreve, Igor França, com seu "Agora".
Veja que 25% das músicas presentes nesta coletânea já são fruto da integração musical proporcionada pela internet, seja pela comunidade RABECA, seja pelo Myspace ou por este Blog.

Outro ponto que merece destaque é a presença de duas canções do mestre da música caipira: Pena Branca. "Marcolino" é uma canção tradicional, e é apresentada com a rabeca de Zé Gomes e embalada pelas vozes de Pena Branca e da grande Inezita Barroso.

No mais, temos a presença do amigo Marcos Moletta em duas músicas marcantes: o forróck "O comedor de calango", que conta com a voz de Maurício Baia e o violão do saudoso Tonho Gebara; e "Cordestinos", onde a rabeca dialoga com o violino do francês Nicolas Krassik.

E isso não é tudo! Ainda temos o canto das lavadeiras do Jequitinhonha, com a voz de Ceumar e o violino-rabecado de Felipe Dias; a rabeca pernambucana de Luiz Paixão, o mais que especial romance medieval de João de Calais, na singular rabecada do mestre Cego Oliveira; o "Coco de fulô rodado" do Chão e Chinelo, com o rabequeiro Maciel Salu.

A peça mais especial desta coletânea, na minha opinião, chama-se "Chula no Terreiro". A belíssima canção do Mestre Elomar Figueira de Mello recebe, mais uma vez, a rabeca de Zé Gomes para conferir ainda mais emoção à história dos companheiros que foram sumindo no mundo. Ouça a rabeca, mas preste atenção à letra.

Sem mais delongas, vamos à lista:

1-Forró d'Apertamento
Rodrigo Salvador
Forrófuá

2-Coco de Jahnavi
Banda de Pifes de Niterói
Renato Boia

3-Marcolino
Pena Branca e Inezita Barroso
Semente Caipira
Zé Gomes

4-Agora
Arco da Véia
Igor França

5-Chula no Terreiro
Elomar
Parcelada Malunga
Zé Gomes

6-Coco de fulô rodado
Chão e Chinelo
Maciel Salu

7-O Verdadeiro Romance de João de Calais
Coleção Memória do Povo Cearense
Cego Oliveira

8-Cordestinos
Nicolas Krassik e Cordestinos
Marcos Moletta

9-Eu vou queimar carvão
Companhia Cabelo de Maria
Cantos de Trabalho
Felipe Dias

10-Forró de Vó
Pimenta com Pitu
Luiz Paixão

11-O Comedor de Calango
Baia e RockBoys
Entrada de Emergência
Marcos Moletta

12-Aliança
Pena Branca
Zé Gomes

Ouça e curta!
baixe por aqui:
COLETÂNEA RABEQUEIROS 2

domingo, 15 de março de 2009

Encontro de Rabequeiros no Rio de Janeiro

Foi praticamente um mega-evento. Às 19h do dia 10 de março do ano da graça de 2009 as ruas da Lapa testemunharam o transcendental encontro interestadual de rabequeiros, realizado por iniciativa do agitador cultural Renato Boia.

A rigor, este foi o IV Encontro. Outros já haviam sido realizados, mas nunca com tão forte presença de rabequeiros e amigos da rabeca. Tivemos a incrível participação do Rabequeiro Rodrigo Salvador, de Belo Horizonte, que toca nas bandas Forrófuá e Mundicá. Rodrigo estendeu sua estadia no RJ apenas para participar do encontro, e, ao que me parece, não se arrependeu nem um pouco.



Recebemos, do mesmo modo, o Rabequeiro Guilherme Bedran, de Niterói, acompanhado de sua rabeca confeccionada por ninguém menos que o Mestre Zé Coco do Riachão. Fabricado em 1985, o instrumento apresenta belíssimo trabalho em marchetaria no tampo superior e no espelho, além do finíssimo som já peculiar deste mestre. Guilherme teve a sensibilidade de tocar para nós diversas modas de autoria de Zé Coco, sendo acompanhado pelo Rodrigo, que, como conterrâneo do Mestre, conhecia bem seu repertório.



Recebemos também o ilustre multi-instrumentista Rodrigo Biscoito, que munido de Rabeca e Bandolim, veio abrilhantar ainda mais nossa tertúlia. Seu repertório de choros, sambas e forrós deu um colorido especial ao evento.



Além das celebridades acima citadas, estivemos também eu e Renato Boia, com nossos respectivos instrumentos. Joyce, a rabequeira niteroiense, deixou seu instrumento em casa devido a acidentes de percurso. Todos fazemos fé que seu instrumento seja recuperado o mais rápido possível, pois a confraria rabequista necessita urgentemente de moças em seus quadros! Moças, entretanto, não faltaram, pois Maristani e seu esposo, juntamente com pife e pandeiro, também chegaram junto. Completando a trupe, Marcos Chapa e seu violão ajudaram a animar a festa. Agradecemos também aos amigos e amigas que chegaram junto pra curtir, incluindo aqueles transeuntes que, passando pela Glória, adentraram o boteco pra "'priciar" aquela sonzeira.



Foi uma noite mágica, de intensa alegria e incrível sintonia entre os músicos. Prova de que a tradição da rabeca está mais viva do que nunca e começa a mostrar sua cara na selva anticultural carioca. Esperamos poder fazer eco aos protestos de nosso amigo Marcos Moletta, no que diz respeito a denunciar o preconceito que os produtores culturais têm pelos novos rabequeiros, sempre preteridos.

Já estamos marcando novo encontro para o mês de abril, provavelmente em um feriado. Aguardamos a presença de rabequeiros de outras partes do país, e estaremos trabalhando para proporcionar um local mais adequado, com som, palco e acomodação para mais amigos e amigas da rabeca.

Fiquem agora com um vídeo de nosso encontro. Que mais eventos venham, e mais rabequeiros se agreguem à nossa guilda. Gostou? Ficou com vontade? Então adicione esse blog aos seus favoritos e entre na comunidade RABECA no orkut. Assim você ficará sabendo de todos os nossos passos.



RIBAPARÊIA!!!!

domingo, 8 de março de 2009

Vídeo - Cego Oliveira



Pedro Oliveira nasceu cego. De família pobre, foi pedinte de esmolas durante muitos anos, até receber de seu tio um presente que mudaria sua vida: uma Rabeca.
Foi aprendendo a tocar sozinho, e começou a cantar romances e cordéis com a ajuda do irmão, que lia para ele os versos.

Cego Oliveira, como ficou conhecido, foi um representante de um estilo musical pouco conhecido e em vias de extinção: o romance.
Os romances remontam à Europa medieval, e contam histórias -por vezes bastante longas- em forma de versos com estrofes e rimas intrincadas. Oliveira declarou já ter possuído um repertório de nada menos que 75 "rumances", dentre os quais o famoso "Romance do Pavão Misterioso" e "A verdadeira história de João de Calais". Cego Oliveira, tal qual um menestrel Ibérico, percorria praças e feiras desfiando sua cantoria e ponteando sua rabeca a troco de moedas e dinheiro miúdo dos ouvintes, em sua maioria, gente humilde do sertão do Ceará, cuja única diversão era ouvir elhos cantadores.

A popularização do rádio foi aos poucos acabando com o espaço de Oliveira e outros vates da época, que passaram a sobreviver tocando em velórios, batizados ou aniversários.

Em 1975, Cego Oliveira foi filmado pela diretora Tânia Quaresma no documentário "Nordeste: Cordel, Repente e Canção". Teve sua obra gravada no LP de mesmo nome, cuja capa é reproduzida no topo desta postagem. Mais recentemente, em 1999, a coleção musical "Memória do Povo Cearense" lançou um volume totalmente dedicado à obra do artista popular.

É interessante notar a posição com que toca sua rabeca, apoiada sobre os ombros, e o fraseado simples, utilizando os harmônicos naturais das cordas. Observe também a influência da cantoria de viola, onde o cantador pare de tocar o instrumento enquanto canta, fazendo-se acompanhar de marcação rítmica batucada no próprio corpo do instrumento.

Atualmente, a primeira Orquestra de Rabecas do Brasil, mantida pelo SESC, leva o nome de Cego Oliveira, procurando manter viva a tradição da rabeca de cantoria.
Aprecie os registros visuais



sábado, 28 de fevereiro de 2009

Coletânea Rabequeiros 1


Um dos objetivos deste blog é divulgar o som dos rabequeiros nos mais variados contextos musicais. Esta iniciativa começa a se concretizar com a disponibilização da primeira coletânea de rabequeiros, feita a partir de uma pesquisa no meu acervo de MP3.

Encontraremos aqui tanto rabequeiros da antiga, como Zé Côco do Riachão e Seo Nelson da Rabeca, quanto rabequeiros contemporâneos, os atuais perpetuadores da tradição deste instrumento no Brasil. Exemplos destes últimos são Marcos Moletta e, porque não, eu: Igor França.

Espero que, em um futuro próximo, outras coletâneas sejam postadas mostrando os toques, sotaques e pisadas de todos os cantos do país. Você é um rabequeiro e quer ter seu material divulgado aqui? Mande um email para igorfrança@gmail.com com seus arquivos anexados.

Deixemos de muita conversa e vamos ao que interessa:
A legenda indica:

Título
rabequeiro
artista
disco

Rabequeiros 1

01- Sapopemba
Rabequeiro: Thomas Rohrer
Comadre Florzinha
Comadre Florzinha

02- Exortação à luta
Rabequeiro: Siba
Vários Artistas
Canções do Divino Mestre
(obs: este disco é um projeto de Carlos Rennó que acompanha uma tradução do livro Indiano Bhaghavad Gita, por Rogério Duarte. Lançado em 1998)

03- Rato Molhado
Rabequeiro: Rodrigo Penna Firme
Banda Nó Cego
Nó Cego
(obs.: registro ao vivo do forró de São Pedro da Serra. Acompanha Marcelo Bernardes na flauta)

04- Canela de Arubu
Rabequeiro: Zé Côco do Riachão
Zé Côco do Riachão
O voo das garças

05- Feito Borboleta
Rabequeiro: Thomas Rohrer
Coral do Projeto EmCantar
Projeto EmCantar vol.1

06- Rabeca e Arco
Rabequeiro: Seo Nelson da Rabeca
Nelson da Rabeca e Benedita Ferreira
O Segredo das Árvores

07- Samba de dez linhas
Rabequeiro: Maciel Salu
Dj Dolores e Orchestra Santa Massa
Contraditório

08- Tirana (Salamanca do Jarau)
Rabequeiro: Zé Gomes
Dércio Marques
Segredos Vegetais

09- Mourão
Rabequeiro: Antônio Nóbrega
Quinteto Armorial
Onça

10- Carcará
Rabequeiro: Zé Gomes
João do Vale (c/ Chico Buarque)
João do Vale

11- Garnizé
Rabequeiro: Alexsandro Vacão
Pifarinha
De Coco a Barroco

12- Forróquistão
Rabequeiro: Igor França
Arco da Véia
Arco da Véia

13- Cabeça D'água
Rabequeiro: Marcos Moletta
Raiz do Sana
Cabeça D'água

Baixe pelo link a seguir:
Rabequeiros 1

Espero que gostem do som!
Aguardo seus comentários

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Rabeca de Fandango - Anísio Pereira

A Rabeca de Fandango, ou Rabeca Fandangueira, é uma tradição do litoral norte do Paraná, especialmente na cidade de Paranaguá, onde vive a família Pereira.



Essa rabequinha foi construída pelo Mestre Anísio Pereira no ano de 2002. Como manda a tradição, a madeira utilizada foi a Caixeta, ou Pau-de-Tamanco (Tabebuia cassinoides), espécie típica das matas inundáveis da costa da Mata Atlântica. Madeira leve e maleável, a caixeta é empregada em construções navais e na fabricação de outros instrumentos de fandango, como a viola e o adufo.



As rabecas dos Pereira têm 3 cordas, usualmente afinadas em quartas justas. O arco também é feito de caixeta, mas guarada a grande peculiaridade de utilizar o Timbopeva -espécie de cipó- como crina. Isto lhe confere um som bem rascante e de volume não muito alto. Outro fato curioso é a colocação de resina de Almesca (ou almécega) na parte posterior da mão do instrumento. Isto agiliza a aplicação da resina no arco durante as brincadeiras do Fandango.





Este instrumento possui decoração em pirógrafo no tampo superior, assim como uma pequenina rabeca esculpida em madeira colada sob o espelho, entre o braço e o cavalete. Este é feito de madeira um pouco mais dura e escura.



Segundo Rodolfo Vidal, rabequeiro de Cananéia, no Vale do Ribeira, SP, a rabeca de fandango "também pode ser feita na forma ou cavoucada, utilizando-se vários tipos de madeira diferentes. O instrumento possui três cordas em quase toda a região, À exceção de Morretes e Iguape, onde é encontrada com quatro cordas. A afinação mais usada, da corda mais grossa para a mais fina, é de uma quarta justa. A rabeca sempre dobra a primeira voz e, nos momentos em que a moda ou marca não estão sendo cantada, faz uma linha melódica própria, tendo um toque - ou ponteado - especí­fico para cada uma. Segundo os fandangueiros, a rabeca enfeita o fandango e, por não ter pontos como a viola, é mais difícil de ser tocada. O dandão e a chamarrita, modas valsadas, possuem vários temas diferentes para rabeca, e podem ser tocados na mesma moda conforme a vontade do rabequista. Em São Paulo os toques de rabeca são diferentes dos toques do Paraná."

Para conhecer mais sobre a tradição do Fandango visite o blog do amigo Rodolfo Vidal: www.aposolhe.blogspot.com

Para mais informações sobre o Fandango Paranaense, visite:
http://www.jornalcomunicacao.ufpr.br/node/5356

E também:
http://teucantodepraia.blogspot.com/2008/08/vises-do-mestre-e-rabeca-no-fogo_22.html
Até a próxima e boas rabecadas!

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Saudades de Mané Pitunga

Manoel Severino Martins, Mané Pitunga, nasceu no engenho Boa Vista, município de Itambé, em 29 de Maio de 1930. Desde pequeno herdou o apelido do pai, Severino Marcolino Martins, também conhecido como Severino Pitunga. Ao longo de sua vida Pitunga trabalhou nas mais variadas atividades ligadas à roça e à lavoura de cana-de-açúcar, e também exerceu os ofícios de carpinteiro, barbeiro e marceneiro.
(PACHECO & ABREU, 2001)

Da rabeca de Pitunga saiu muito forró, Cavalo-Marinho, e som para as brincadeiras de Babau, antiga tradição de teatro de Mamulengos popular na Zona da Mata Norte de Pernambuco. No entanto, o que faz de Pitunga um personagem único na história da rabeca no Brasil não foram suas habilidades como músico. Mané Pitunga foi um hábil mestre construtor de rabecas.





De Luthier, Pitunga não tinha nem o nome. Era um rabequista, ou rabequeiro. Um cabra que gostava de zuada e brincadeira. Suas rabecas, hoje, alcançam alto preço e são muito raramente encontradas para venda.

Pitunga faleceu em 2002, e suas rabecas até hoje não encontraram semelhança em nenhum dos fazedores de rabeca da mesma região.



Fica aqui, como postagem inicial deste blog, uma série de fotografias feitas por mim à ocasião de sua vinda ao Rio de Janeiro em março de 2001. A exposição "Rabecas de Mané Pitunga" foi organizada por Gustavo Pacheco e Maria Clara Abreu na Sala do Artista Popular do Museu do Folclore Edison Carneiro.



Alguns cds nos quais se podem ouvir rabecas feitas por Mané
Pitunga:
CHÃO E CHINELO. Loa do Boi Meia Noite.
Recife: 1999. Disco Independente

MESTRE AMBRÓSIO. Fuá na casa de Cabral.
São Paulo: Sony Music, 1999.

_____. Mestre Ambrósio.
Recife: 1995. Disco Independente.

MESTRE SALUSTIANO. Sonho da Rabeca.
Recife: 2000. Disco Independente.

CAVALO-MARINHO BOI PINTADO. São Gonçalo. Música do Brasil.
São Paulo: abril, Music, 2000.
Cd 3, faixa 17.

Saudades de Mané Pitunga



Pitunga começou a tocar rabeca ainda menino,como ele mesmo conta:

Eu tinha um irmão que tocava rabeca, mais véio do que eu, eu
tava com oito anos e disse que ia tocar uma rabeca e quando ia
pegar na rabeca dele, ele vinha dar n'eu. E mandava me botar no
quarto, pra não pegar na rebeca, e eu falava assim: 'inda vô
arranjar uma rebeca pra eu'.
(*)



Como a maioria dos rabequeiros da região, foi autodidata:
"aprendi sozinho, da cabeça mesmo, ninguém nunca me ensinou". O
primeiro passo foi aprender a afinar o instrumento:
O que faz um bom rabequeiro é o camarada ter boa memória pra
tocar (...) Se faz rabequeiro é assim. O camarada é interessado
em tocar,chega na casa de um que sabe e ele não sabe nem afinar,
o camarada vai e afina pra ele, dá a rabeca, ele vai, desafina e
vai dar a mesma afinação. Se ele arender a afinação,ele toca. Se
ele não aprender, morre de velho e não toca...
(*)



Daí pra frente, Pitunga aprendeu a tocar observando outros rabe-
queiros da região, como Zé Nanô, seu Manu, Luís Soares e Didui,
desenvolvendo a memória musical e tirando melodias de ouvido. (*)




Embora tenha tocado em inúmeras apresentações de babau e de
cavalo-marinho ao longo de sua vida, sua grande paixão sempre foi
o FORRÓ:

Antes d'eu casar, já sabia tocar muito. A minha vida era tocar
baile direto, não tocava cavalo-marinho não, tocava era baile,
diretamente. (...) As brincadeira lá só era no mato, se você
tocava as brincadeiras assim num mato meio de apartado, à noite,
num dia de sábado, era tanta gente que fazia nojo, e hoje em dia
no matagal só tem cana. Lá era assim, a gente tocava na casa dos
amigo, quando a gente ia tocar que chegava no meio da sala era,
doze cavalheiro dançando, com a rebeca tocando, uma batucada mais
bonita do mundo. Dez, doze cavalheira, cobrava a dois mil réis a
cota, e nesse tempo, dançando dez cavalheiro mais dez cavalheira
a dois mil réis, dava vinte mil réis a noite. Era dinheiro que o
pesto. Que naquele tempo o sujeito com dez mil réis no bolso ia
no supermercado... mas tem uma coisa, não era muito bom de vida
não, que naquele tempo os engenho morria e os trabalhador era pra
cá de morrer de trabalhar.
(*)



*Texto retirado do catálogo da exposição realizada entre 29 de março e 6 de maio de 2001:

Rabecas de Mané Pitunga
Pesquisa e texto de Gustavo Pacheco e Maria Clara Abreu;
apresentação de Siba. - Rio de Janeiro: Funarte,
CNFCP, 2001.
32 p. ISSN 1414-3755