terça-feira, 1 de maio de 2012

Museu do Mestre Vitalino

A cultura nordestina tem na rabeca um legítimo representante, mas não exclusivo. A arte popular, como a confecção de bonecos e miniaturas, é algo muito legítimo desta parte do Brasil. O Mestre soberano desta arte foi Vitalino Pereira dos Santos (1909-1963).

Convido-os, assim, a visitar esta foto panorâmica do Museu erigido em sua homenagem, no Alto do Moura, PA.

terça-feira, 17 de abril de 2012

O nascimento da rabeca na minha vida

O ano era 1997, e eu tinha 18 anos. Havia acabado de entrar para a faculdade, cursando Biologia na UFRJ. Em tempos pré-internéticos ter um bom gosto musical dava muito trabalho. Comprar discos era um luxo que só era possível guardando muitos trocados, dinheiros de lanche ou passagens de ônibus. A cena rock'n'roll alternativa era o que tínhamos na época, repercutindo ecos do que ouvíamos na saudosa Rádio Fluminense FM e, posteriormente, na também saudosa Rádio Cidade. Quando muito, sabíamos do que se fazia de novo na MTV, que, naquele tempo tocava música, e das boas!

Na meiota dos anos 90 tudo que havia de bom tinha sido feito duas décadas atrás ou vinha de Seattle. O resto era só pancadão, gogode ou danielamercurycaquelabundacheidistria. Até aparecer um pernambucano aloprado, vestido com roupas velhas, cafonas e jogando na nossa cara o anacrônico som regional. Só que ao contrário.

A tamborzada de maracatu chacoalhava uma guitarra que ecoava Beastie Boys. A voz do vocalista dialogava com velhos samples daquelas vozes de liderar quadrilha junina. Ouvir aquilo fez fugir um grito da minha infância feliz no subúrbio, dos carros da pamonha, das buzinas dos doceiros. De tudo de lindo que a gente deixa pra trás só para parecer alternativo e descolado.

Para além do brilhante e atemporal Chico Science, a rádio Cidade tocava, todo fim de tarde, uma versão hardcore de "O cheiro de Carolina", do Gonzagão. Quem tocava era um tal "Jorge Cabeleira".
Taí. Nomes estranhos para bandas que faziam um som mais estranho ainda. E foi no meio das filipetas de shows de bandas como Living in the Shit, Zumbi do Mato, Funk Fuckers e Cabeçudos que me apareceu algo interessante:

"Direto de Recife - Mestre Ambrósio
comemorando o lançamento do filme "O Baile Perfumado"
25, 26 e 27 de julho - 1997"

O local era a antiga Galeria Alaska, folclórico reduto gay do Rio de Janeiro, recentemente reformado e adaptado a receber shows alternativos da cena underground.

Partimos para lá , a turma que só andava de camisa xadrez, calça de skatista, correntinha no chaveiro e tênis All Star (naquela época, duramente garimpado nas velhas sapatarias de Madureira).
-Mas que som eles fazem, cara?
-Ah, uma mistura assim tipo Chico Science, maracatu com rock'n'roll, sacoé?"
-Saquei, boralá!

E entramos no Teatro. O show já estava começando, mas do corredor eu não ouvia a guitarra. nem sinal de distorção. Estranho.

Na plateia, umas 15 pessoas, se muito. Sentamos lá no alto, pra tentar entender o que acontecia. Não era roquenrou, não parecia Chico Science. Um magrinho arranhava o que parecia um violino tosco, enquanto outros doidões sacudiam e percutiam outros instrumentos inusitados enquanto dançavam como se o mundo fosse se acabar.

Joséééééééééé! Tem que tumá cuidado, zé...


De algum modo aquilo mudou minha vida. Para sempre.







quarta-feira, 28 de março de 2012

Rabecas da América do Sul - Violin Indio - Bolívia

Esta jóia foi encontrada na cidade de Sucre,Bolívia, em uma loja de instrumentos musicais artesanais. O instrumento característico daquela região é o Charango, com dez cordas dobradas e construído, muitas vezes, com a carapaça do Quirquincho, o tatu andino. São muitas as lojas que comercializam este instrumento, fundamental para a cultura andina, e foi em um destes estabelecimentos encontrei esta rabequinha em exposição.
O som não era lá essas coisas, o que já dá pra perceber pela ausência de um cavalete. Segundo o vendedor, ela é usada com melodias bem simples, acompanhando o som da Zampoña (flauta de pan andina) e do Charango. O arco disponível era só o de violino, não pude ver um original. O modelo não estava à venda, e deveria ser encomendado a um artesão do interior, o que demoraria algumas semanas. Ainda assim é mais uma parente da nossa rabeca que merece destaque!

segunda-feira, 6 de julho de 2009

7o Encontro de Rabequeiros do RJ

Olá, pessoal!Antes de mais nada, quero me desculpar com os amigos leitores pela falta de atualização deste blog. Este meio de ano está sendo bem puxado pra mim, ainda mais com a perspectiva dessa gripe suína, deixando as escolas todas em polvorosa. Mas agora, com as proximidades das férias de julho, prometo ser mais assíduo.

Aqui vão duas fotos do nosso último encontro, realizado na Escola da Música Villa-Lobos, um reconhecido centro de formação de músicos do Rio de Janeiro. Fui aluno desta escola e aprendi muito, não só com as aulas, mas com a convivência com outros aprendizes.

O encontro foi organizado pela Norma e pelo Rodrigo Biscoito, a quem somos muito gratos. Pela primeira vez pudemos apresentar a arte da rabeca a um público ávido por informações e novidades, composto principalmente por alunos daquela instituição.

Contamos com a ilustre participação do rabequeiro Beto, da Companhia Carroça de Mamulengos, que abrilhantou nosso encontro com xotes, baiões e rasta-pés. Gostaríamos muito que sua presença se tornasse constante!

Abraços a todos e boas rabecadas!!


domingo, 3 de maio de 2009

Geraldo Idalino - Um violino no forró

A grande sugestão do post de hoje é baixar o disco "Um violino no forró", de 1982. Gravado por iniciativa de Luiz Gonzaga, este foi um dos cinco discos gravados por Geraldo Idalino, rabequeiro paraibano.

Dono de um fraseado ímpar e bastante aparentado do chorinho, Seu Geraldo da Rabeca nos prasenteia com baiões, maxixes e sambas deliciosos, com sua rabequinha e acompanhamento regional.

Quanto ao título do disco, corre a lenda que os produtores do disco queriam evitar a palavra "rabeca", pois este termo era considerado um pejorativo para "violino".

Para aqueles que já baixaram o disco "as músicas de rabequeiros", vale a pena ouvir a versão original de "enxuga o rato", quarta faixa deste título. Para aqueles que curtem um forró mais safado, na linha do grande Genival Lacerda, vale curtir a quinta faixa: radinho de pilha, em bela versão xoteada e instrumental.


Aproveite mais esta raridade!!





Geraldo Idalino Luiz era mais conhecido como "Geraldo da Rabeca", nasceu em 04 de Novembro de 1942 na cidade de Nova Cruz, no estado do Rio Grande do Norte, mas, a partir do ano de 1972 fixou residência em Campina Grande -PB onde faleceu no dia 08 de Novembro de 2007.
Seu Geraldo começou a tocar rabeca com 05 anos de idade (de forma autodidata) ainda em Nova Cruz-RN. Músico muito conhecido nas feiras do Nordeste, onde se apresentava com seu grupo, Seu Geraldo tocou durante muito tempo em programas de rádio na Paraíba, Rio Grande do Norte,Bahia e Pernambuco (onde morou durante dez anos, antes de fixar residência em Campina Grande).
Seu Geraldo da Rabeca têm 05 álbuns gravados, sendo 03 CD's e 02 LP's. É um legítimo
representante da cultura musical nordestina, e um dos últimos representantes de uma geração da qual fizeram parte Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro (que conseguiu, no Rio de Janeiro,o primeiro contrato de gravação para Seu Geraldo, e que deu origem ao álbum "Um Violino no Forró")
Marinês e Sivuca.


Geraldo Idalino - Um violino no Forró
Baixe aqui
Faixas:

01- Forró de Jeremias
02- Forró do Chico
03- A vida do meu sertão
04- Enxuga o rato
05- Radinho de pilha
06- Forró do Zé Boró
07- Menina vem pro forró dançar
08- Forró da Cachoeira
09- Forró na casa de pedra
10- Araripina
11- É proibido cochilar
12- Xaxado de Antônio Silvino

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Amanhã tem!

Amanhã tem a edição Abril do Encontro Carioca de Rabequeiros.

A concentração será às 17h no Bar Arco Íris, na rua do lavradio, Lapa.

Quem quiser, é só chegar. Traga seus instrumentos, sua animação e sua alegria!

Cheguem junto.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Rabeca de Zé Coco do Riachão




O instrumento aqui apresentado pertence ao grande rabequeiro Guilherme Bedran, do grupo Palha de Milho. Tive a oportunidade de conhecê-lo no nosso encontro de rabequeiros do mês de março.




Construída no ano de 1985, esta rabeca apresenta belíssimo trabalho de marchetaria no tampo, no espelho e no estandarte. As bolinhas brancas parecem ser uma marca dos intrumentos fabricados pelo Mestre Zé Coco do Riachão.







O dicionário Cravo Albin da Música Brasileira nos conta que José dos Reis Barbosa dos Santos nasceu em 1912 em Brasília de Minas, MG e foi "Criado na localidade de Riachão, onde nasceu, às margens do rio que leva o mesmo nome, na confluência dos municípios de Mirabela e Brasília de Minas, no Vale do São Francisco. O pai era fazedor e tocador de violas. No momento de seu nascimento, passava uma folia-de-reis e ele foi consagrado pela mãe aos santos Reis; por isso "dos Reis" registrado em cartório. Zé Coco deixava claro sua devoção aos Santos Reis, e sempre se apresentava como José Reis Barbosa dos Santos.

Ouvindo seu pai tocar desde que nasceu, aos 8 anos, já tocava viola que ele mesmo ia aprendendo a fazer. Foi marceneiro, carpinteiro, ferreiro, sapateiro, fazedor de cancelas, de engenho, de carro de boi, curral de tira, roda de rolar mandioca, mas o que o tornou conhecido, inclusive internacionalmente, foi a excelência dos instrumentos que fabricava e tocava: viola, violão, cavaquinho e rebeca. Aos vinte anos, assumiu a pequena fábrica de instrumentos de seu pai."

Para conhecer mais sobre a vida e Obra do mestre Zé Coco, assista este curta-metragem.

Para conhecer o som da rabeca nas mãos de Guilherme Bedran, assista aqui:


E para conhecer mais sobre o grupo Palha de Milho, clique aqui.

Em breve teremos postados aqui os discos de Zé Coco do Riachão, grande e tradicional mestre da rabeca, falecido em 1998.

Um abraço a todos!